quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

PARÓDIA

Texto-Base

XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Olavo Bilac
Via láctea
P. 25


Paródia

FAZER POEMAS

"Ora (direis) fazer poemas! Certo
perdeste o senso!" E eu vos direi também
que, para fazê-los, muita vez desperto
e encontro os bolsos sem nenhum vintém.

Mas vou seguindo o meu futuro incerto
compondo versos, muito mal ou bem,
enquanto vejo algum fulano esperto
nadando em cifras que tão poucos têm.

Direis agora: - Sendo assim desiste!
O que procuras, tresloucado amigo,
pode ser nobre, mas também é triste!

E eu vos direi: Amai!... Amai primeiro!
Pois só quem ama pode ter consigo
tantos poemas e nenhum dinheiro!

Marcos Ferreira
A hora azul do silêncio
P.38

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

MAXIMÍNIMAS

"O amor é a única flor que desabrocha sem a ajuda das estações."
                                  Kahlil Gibran

XXIX

A qualquer hora, em um lugar qualquer,
no mais tranquilo ou adverso momento,
poderá acontecer o sentimento
que unirá um homem e uma mulher.

Sendo ele um avarento homem sem fé,
e ela, uma freira interna de convento!
Ou uma puta sem lenço ou documento,
e ele, um mega milionário até!

Amores acontecem todo instante,
há sempre um casal que se torna amante,
nas mais diversas situações.

Amor de artista por uma cabrocha...
Amor, única flor que desabrocha
sem ter a ajuda das estações.

Miguel de Souza


sábado, 16 de janeiro de 2016

MUDANÇA













Apesar da estação da vez, o inverno.
O verão furioso não dá espaço!
Em tudo, no momento, há mormaço...
Manaus está um verdadeiro inferno!

Vivemos por aqui um calor eterno,
a apertar cada vez mais o cadarço!
Cadê o inverno com gélidos abraços,
a roçagar a tez num olhar terno?

Ao invés de inverno, agora há verão!
Por que mudaram, oh, Deus, a estação?
E quase por aqui não tem chovido...

Dizem que só tens duas estações,
agora, há só verão nos corações,
e do inverno, ficamos desprovidos!

Miguel de Souza

sábado, 9 de janeiro de 2016

SOBRE DOIS SONETOS

Escrevi certa feita tal soneto,
tão inspirado que durou um minuto!
Apesar desse tempo diminuto,
o mesmo foi por todos bem aceito.

Em seguida, escrevi sem muito jeito,
p'lo título que mais pareceu insulto!
Depois desse que chamei "Muito Puto".
outro que surgiu assim no meu peito.

E pela dor tamanha do meu povo,
escrevi e escreveria de novo,
relatando, em meus versos, essa luta!

"Muito Puto" foi apenas um preparo,
ao maior palavrão em poemas, raro,
que foi o soneto: "Feito um Filho da Puta".

Miguel de Souza



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

SOBRE LIVROS

“Os caminhos Por Onde Andei” de Manoel Assis, o Poeta da Juventude, é um livro de poemas que reúne boa parte da criação desse incansável aedo, que tive o prazer de conhecer nessas minhas andanças poéticas por esta difícil Manaus.
Ainda traz no bojo um tipo de poema que o poeta chama de Pronectus (invenção sua), uma forma de sentido ao dês-sentido.

********Pronectus*********

Imaginário, trágico, belo, místico e
Sedutor, pois se meu canto é primazia
Em brasas e meu peito flui por entre
Nuvens é porque sei sonhar; se minha
Aura resplandece vida não temerei a
Morte e eterna será minha face na
Retumbância gloriosa do universo.
Afinal, o amor valeu a pena.


 Dentro de uma criticidade aguçada, o poeta esbanja talento no seu “Novo Hino Nacional Brasileiro”. Paráfrase do Hino Nacional, muito bem escrito por sinal.


”Ao
Dileto Caminheiro
dos tempos e das horas
Miguel de Souza:
o fruto das minhas
noites mal dormidas” 

Abraço do Poeta
Manoel Assis
19/12/2015







BIOGRAFIA

MANOEL NUNES DE ASSIS NASCEU NO DIA CINCO DE AGOSTO DE 1968 NA FAZENDA LAGOA DOS PEIXES, DISTRITO DE AÇUDINA, MUNICÍPIO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA  - BA. FILHO DE LAVRADORES. SEUS PAIS: JOSÉ NUNES DE ASSIS  E LOÍLIA XAVIER DE ASSIS. PASSOU A INFÂNCIA NA ZONA RURAL. AOS 11 ANOS DE IDADE MUDOU-SE PARA SANTA MARIA DA VITÓRIA, ONDE MOROU E ESTUDOU NO INTERNATO DA EDUCADORA DONA ROSA MAGALHÃES, OCASIÃO EM QUE DESPERTOU O GOSTO PELA LITERATURA. FOI LÍDER ESTUDANTIL, PARTICIPOU DO GRUPO DE JOVENS DA IGREJA CATÓLICA E FICOU CONHECIDO COMO “POETA DA JUVENTUDE”. É MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO TERRITÓRIO DA BACIA DO RIO CORRENTE- BAHIA. MUDOU-SE PARA MANAUS EM 1988, COORDENOU O PROJETO LITERÁRIO DA FOLHA DO POETA, ENCONTRO POÉTICO NAS ESCOLAS E GANHOU NOTORIEDADE PELA DRAMATIZAÇÃO DE “O BARQUINHO DE PAPEL”, POEMA QUE CONTA A SUA HISTÓRIA. O POETA NÃO TEM COMPROMETIMENTO COM NENHUM ESTILO LITERÁRIO, O INTUITO É TRANSMITIR AOS LEITORES ALGO QUE OS FAÇA UM SER HUMANO CRÍTICO, REFLEXIVO E MAIS FELIZ.


BALADA ALADA

                                   Para Manoel Assis

E se não queres ler os livros
De matéria dura, concreta
Desses amigos tão cativos
Ou dos famosos poetas
Ser mais um dos “poucos” leitores
Leias, ao menos... Que beleza!
Pela magia dessas cores
O livro da natureza!

E te sentirás redivivo
Tua vida será completa
Porque passarás pelo crivo
Do poeta desses poetas
Esses loucos, falsos atores
Mas leias com toda clareza
Essas páginas multicores
Do livro da natureza!

E a tua inspiração ao vivo
Cumprirá assim essa meta
A de que também não me privo
De como menor poeta
Revelar a outrem minhas dores
Como tu fazes, com certeza
Se por ventura ler, fores
O livro da natureza!

Ofertório

A poesia da qual me sirvo
Bem sortida nessa mesa
Não está presente nos livros
Mas no livro da natureza!

Miguel de Souza








sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PAZ, HARMONIA, AMOR, ESPERANÇA

                            "Paz na terra aos homens de boa vontade."
                                                                           Jesus Cristo

Que Deus semeie PAZ nos corações...
E, em cada lugarejo deste solo,
A HARMONIA reine de pólo a pólo,
sem causar a ninguém decepções...

Que o AMOR perdure com as vibrações
                                   e os bons eflúvios do Divino colo
                                   de Deus, sem a intenção reles de dolo,
                                   a ressoar pecaminosos sons!

                                   E a ESPERANÇA resida em nossos lares,
                                   e colhamos bons frutos dos pomares
                                   que plantamos nos corações alheios...

                                   E, possamos enfim, amar o próximo,
                                   fazendo disso tudo, exemplo ótimo,
                                   sendo a razão do porquê Cristo veio!

                                   Miguel de Souza